Vidas interessantes...
Meu amigo,Claudio Edinger,fotógrafo conhecido mundialmente teve uma oportunidade de vida única. Gostaria de compartilhar.
Cheguei
em Nova York em fevereiro de 1976. Em abril já estava morando com os
judeus ortodoxos no bairro de Crown Heights no Brooklyn. Eu tInha
cabelão e barba, coisa de hippie. Neste pequeno vilarejo europeu dentro
de Nova York, todo mundo tinha barba. Parecia a aldeia do Asterix pois
em volta havia a maior comunidade afro-americana dos EUA.
Eu vi várias vezes os judeus andando
pelas ruas e os afro-americanos zombando, cantando e repetindo "Hitler
was right!". O antagonismo entre alguns setores das comunidades (de
forma alguma a maioria) era grande.
Em compensação quando três
garotos negros foram pegos tentando roubar um bolsa de uma senhora
judia, apareceram judeus ortodoxos de tudo que é canto, uns mil,
instantaneamente, e os três rapazes quase foram linchados.
Vi
também quando teve o grande blackout de 1977: todas as lojas dos
judeus, da Kingston Avenue, foram arrebentadas e saqueadas. Tenho fotos
disso em algum lugar...
Fui morar com eles por pura curiosidade
visual. Mas acabei ficando amigo de alguns e aos poucos fui sendo
envolvido pela comunidade. A noção de vida comunitária sempre me
interessou. Era a vida deles, talvez até pela roupa igual - e tão
diferente do resto do mundo - eles eram muito unidos. Um casal de
ortodoxos brasileiros me adotou - ia sempre passar o sábado com eles.
Desde o começo acreditei que a fotografia é função da intimidade que
temos com o que fotografamos. Quanto mais envolvidos, melhor sai o
ensaio. Quanto mais tempo temos para fotografar mais conseguimos chegar à
essência. A essência é que é o barato. O foco seletivo busca a essência
da essência. Fiquei dois anos morando com os judeus, fotografando,
revelando e ampliando todo dia no banheiro do meu espaçoso apto
desmobiliado. Alguns dias fugia e ia estudar na biblioteca pública de
Nova York. Lia muito, muito, e via todos os filmes possíveis. Época de
ouro: não tinha TV em casa.
Eu era contra o uso do flash,
seguia a escola da "available light" - só luz ambiente. Havia trocado
minhas Pentax 35 mm por duas Nikons. Ainda usava só filme TRi-X, puxado
pra 1600 iso. Fiz uns 400 rolos de filme (14.400 fotos).
Eu vi várias vezes os judeus andando pelas ruas e os afro-americanos zombando, cantando e repetindo "Hitler was right!". O antagonismo entre alguns setores das comunidades (de forma alguma a maioria) era grande.
Em compensação quando três garotos negros foram pegos tentando roubar um bolsa de uma senhora judia, apareceram judeus ortodoxos de tudo que é canto, uns mil, instantaneamente, e os três rapazes quase foram linchados.
Vi também quando teve o grande blackout de 1977: todas as lojas dos judeus, da Kingston Avenue, foram arrebentadas e saqueadas. Tenho fotos disso em algum lugar...
Fui morar com eles por pura curiosidade visual. Mas acabei ficando amigo de alguns e aos poucos fui sendo envolvido pela comunidade. A noção de vida comunitária sempre me interessou. Era a vida deles, talvez até pela roupa igual - e tão diferente do resto do mundo - eles eram muito unidos. Um casal de ortodoxos brasileiros me adotou - ia sempre passar o sábado com eles.
Desde o começo acreditei que a fotografia é função da intimidade que temos com o que fotografamos. Quanto mais envolvidos, melhor sai o ensaio. Quanto mais tempo temos para fotografar mais conseguimos chegar à essência. A essência é que é o barato. O foco seletivo busca a essência da essência. Fiquei dois anos morando com os judeus, fotografando, revelando e ampliando todo dia no banheiro do meu espaçoso apto desmobiliado. Alguns dias fugia e ia estudar na biblioteca pública de Nova York. Lia muito, muito, e via todos os filmes possíveis. Época de ouro: não tinha TV em casa.
Eu era contra o uso do flash, seguia a escola da "available light" - só luz ambiente. Havia trocado minhas Pentax 35 mm por duas Nikons. Ainda usava só filme TRi-X, puxado pra 1600 iso. Fiz uns 400 rolos de filme (14.400 fotos).